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08/12/10

Avatar - Abra os olhos para Ver! Elenita Malta (Historiadora)

Avatar aparece num ótimo momento.
Após o fracasso da Conferência do 
Clima em Copenhague e no início do
 Ano da  Biodiversidade, é um brado
de alerta sobre nossa péssima relação com a natureza. Merece ser 
assistido pelos belos efeitos
 e pela fotografia extraordinária, porém,
 mais do que isso, apresenta uma 
poderosa mensagem ecológica:
o homem precisa restabelecer sua 
conexão com  a natureza.
Nos fala também de respeito ao próximo, homem, animal ou floresta, igual ou diferente de nós.
espectador é transportado para a lua  Pandora, habitada pelo povo Na’vi,
 em um universo de experiências sensoriais encantadoras, com seres
 de formas jamais imaginadas, cores reluzentes e natureza exuberante.
Avatar propõe uma discussão pertinente sobre o futuro do nosso planeta, a Terra. Inova ao expor
 a monstruosidade do ser humano,
 personificado no cel. Miles,
 que destrói um mundo em perfeita harmonia, com uma brutalidade chocante, em cenas que provocam indignação. Mostra 
inescrupulosidade do ser
humano, até onde o homem é capaz de chegar para obter ganhos econômicos. Quando  a árvore-casa dos Na’vi cai,
o desmatamento da Amazônia, da Mata Atlântica, o derretimento dos polos, a morte dos corais e dos oceanos, enfim, todas as desgraças provocadas pelo homem são evocadas.
Vemo-nos atirando contra a natureza, 
só porque debaixo dela se encontra
 um minério valioso, que, para os 
humanos, resolveria a crise  energética, uma vez que em 
2154 – ano  em que a trama 
se passa – não existe mais verde na Terra. Com  a Terra arrasada, segue-se
 a colonização de outros mundos. Ao mostrar nossa mesquinhez, o filme pretende atingir o que ainda resta de consciência ecológica no ser humano.
O nome da lua, Pandora, é significativo.  Na mitologia, Pandora, a primeira 
mulher criada por Júpiter, recebe 
dos deuses, presentes em forma de dons, como beleza, persuasão e música. Do marido, Epimeteu, 
recebe uma caixa contendo  todos os males, com a advertência 
de não abri-la. Mas a 
curiosidade foi maior,  e Pandora abriu a caixa, liberando 
pragas  que atingiram o homem, restando apenas a esperança.
Pandora não cuidou de sua caixa, 
nós não estamos cuidando do nosso planeta. Avatar nos adverte: a Terra é
 nossa caixa de Pandora. Se não soubermos preservá-la, será o nosso fim. O  filme é permeado de esperança. Na lua Pandora tudo está em equilíbrio. Uma árvore da vida, a deusa Eywa, sustenta as conexões entre as raízes de todas as árvores e entre todos os seres. É uma teia, como as sinapses que ligam os neurônios em nosso cérebro. Acaso na Terra os sistemas também não estão interligados? Esse é o preceito fundamental da ecologia. Como dizia José Lutzenberger, em seu Manifesto Ecológico Fim do Futuro: tudo está relacionado com tudo. Tudo é uma coisa só. Embora nossa conexão não se realize diretamente, como ocorre por meio das tranças dos Na’vi, com os cavalos (Direhorses), animais alados (Banshee) ou com a própria terra... ela existe, só que está perdida pelo nosso afastamento da natureza.
Avatar  nos diz que, se  quisermos manter o direito  de habitar na Terra, precisamos colocar-nos novamente em contato com a natureza. O personagem
 principal, Jake Sully, consegue se
 libertar da cegueira e da ignorância e perceber a tempo a catástrofe que os humanos iriam desencadear em Pandora. Ao  entrar em contato com os costumes dos Na’vi, Jake Sully, aos poucos, vai compreendendo a importância da harmonia ecológica de Pandora.Trata-se, além de conhecer 
os modos de alimentação
  e locomoção, de como respeitar
 a vida em todas as suas formas. Quando a jovem princesa 
Neytiri diz a ele Eu vejo você”, ela não apenas vê, mas sente, percebe e respeita o outro. Para  vivermos 
em equilíbrio com a natureza e com nossos semelhantes, é preciso vê-los profundamente. Um aspecto 
interessante é que a vida no avatar passa a ser mais real do que a “vida real”. Isso pode instigar-nos a questionar: a vida que levamos atualmente nos proporciona qualidade de vida? Não está na hora de buscarmos qualidade de existência?
O filme nos mostra que as sociedades
 tidas como “primitivas”, até mesmo
 “selvagens”,  têm mais sabedoria, e, geralmente, uma ligação com a natureza muito mais rica do que a nossa. Somos  responsáveis pelo sistema econômico falho, excludente, perverso que, apesar da crise, surpreendentemente permanece o mesmo que, visando ao lucro e ao crescimento ilimitado, coloca a natureza como uma ‘pedra no sapato’ para atingir o “desenvolvimento”.
O  que nos falta, como mostra Avatar, é envolvimento. O próprio nome 
desenvolvimento” sugere um desligamento com o envolvimento, uma total desconexão com a Mãe Natureza, que só gera desequilíbrio para todos nós. Estamos cada vez
 mais desconectados com a teia da natureza, preocupados em ganhar dinheiro custe o que custar.
Estamos cada vez mais desconectados com 
a teia da natureza, preocupados em ganhar 
dinheiro custe o  que custar.  
Mesmo que o preço seja a vida dos 
que ainda não nasceram ou até 
mesmo dos oceanos, das árvores 
e dos animais, não cogitamos alterar nossos hábitos de consumo, extremamente danosos aos recursos naturais, e, muito menos, mudar nossa matriz energética altamente poluente.
Ainda há tempo para salvar  a Terra, basta nos
reconectarmos. I see you! Eu vejo você!

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