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04/06/12

PALAVRAS: UM ETERNO CASO DE AMOR + CITAÇÕES DE FERNANDA MELLO


PALAVRAS: UM ETERNO CASO DE AMOR

Para mim, poucas coisas são melhores que escrever. A ideia aterrissa de repente e o mundo – como por encanto – parece parar. O tempo se recolhe. Tudo fica suspenso. E é só colocar o dedo no teclado (ou a caneta no papel), que o relógio instantaneamente dá seu click. A imagem descongela. A página em branco toma vida. E a história começa – sutilmente – a se desenrolar. (Mesmo que dentro de mim).
Não tem jeito. Palavras ditam minha ordem. Moldam meus capítulos. Me mostram quem sou.  (E quem, na verdade, eu poderia ser). Ao escrever, tudo torna-se possível. É meu reino imaginário, onde vez por outra encontro traços reais de mim mesma.
Em palavras, eu me encontro. É a hora onde eu me sinto mais livre. Mais completa. E descubro as minhas diversas faces. Fases. E frases.
Em versos, percebo meus lados incertos. Inversos. Minhas dúvidas, devaneios e reticências... E, mesmo que me assustem, estou ali: escrita. Pronta para me ler. Reler. E me editar.
É, escrever, para mim, é meu melhor exercício. De autoaprendizado. De humildade. De aceitação. É minha terapia gratuita, tendo – como psicóloga – a mais travessa das filósofas: a literatura.
Por isso, quando as letras surgem... Bom, deixo que elas me levem! Aonde eu vou chegar? Não sei. Mas, não importa. De mãos dadas com as palavras, espero que eu consiga, de alguma forma, encontrar respostas para minhas eternas perguntas ou – quem sabe? – descobrir um pouco mais sobre mim. O que já vale, na minha opinião, um bom texto. Ou a vida.

 (Palavras, eu nos declaro, marido e mulher.) FERNANDA MELLO



"Hoje é dia de letra nova. De página em branco. De frio na barriga. Escrever pode ser doloroso. Pode ser reconfortante. Pode ser terapia. Mas não importa. Palavras me constroem. E me vestem. Mostrando o que – por hora – eu não quero mais esconder".




(...)

Primeira página sempre causa certo desconforto.
Encantamento. Medo. Excitação.
Sentimentos dignos somente de grandes estreias.
Está tudo ali: disponível. Em branco.
À espera da palavra. Da promessa. Do grande ato inaugural.

(Escrever é um abismo.)

Por isso começo sempre na segunda página.
Que na verdade é primeira mas funciona sem ser.
É como se o peso da responsabilidade desse uma volta
e me permitisse escrever sem medo de violentar o vazio.

Palavras me inventam.

(O que será que eu reservei para mim?)
 
 


"Sonhos são molas que nos impulsionam. São minha inspiração e força. São a minha fé. Ao meu ver, quem não sonha (nem que seja um pouco, quando ninguém está olhando), nunca se sente vivo de verdade. 
Mas como tudo tem dois lados, é bom ficar de olhos abertos. Ou melhor: com os pés bem fincados no chão. Viver só de sonhos não basta. Quem se alimenta apenas de ilusão, perde a realidade da vida e se esconde em um mundo paralelo. Complicado, não? Também acho. Haja discernimento para viajar, se aventurar nas estrelas e saber a hora certa de voltar!"
 

"A vida não está aí apenas para ser suportada ou vivida, mas elaborada.
Eventualmente reprogramada. Consientemente executada.
Não é preciso realizar nada de espetacular.
Mas que no mínimo seja o máximo que a gente conseguiu fazer consigo mesmo."



"Não sou boa com números. Com frases-feitas. E com morais de história. Gosto do que me tira o fôlego. Venero o improvável. Almejo o quase impossível. Meu coração é livre, mesmo amando tanto. Tenho um ritmo que me complica. Uma vontade que não passa. Uma palavra que nunca dorme. Quer um bom desafio? Experimente gostar de mim. Não sou fácil. Não coleciono inimigos. Quase nunca estou pra ninguém. Mudo de humor conforme a lua. Me irrito fácil. Me desinteresso à toa. Tenho o desassossego dentro da bolsa. E um par de asas que nunca deixo. Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo. E - sem saber - busco respostas que não encontro aqui. Ontem, eu perdi um sonho. E acordei chorando, logo eu que adoro sorrir... Mas não tem nada, não. Bonito mesmo é essa coisa da vida: um dia, quando menos se espera, a gente se supera. E chega mais perto de ser quem - na verdade - a gente é. "



"Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos. Não, não e não. Eu não quero dor. Eu não quero olhar no espelho e ver você escorrer, manchando minha cara bonita."






 FERNANDA MELLO É escritora, compositora e redatora.

2 comentários:

  1. Este texto é mesmo muito verdadeiro e até parece que foi escrito por mim, pois é o que eu penso. Boa escolha a sua. Um beijão.

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    1. SUSSU, MINHA QUERIDA, NOSSAS AFINIDADES CONTINUAM... COMO NÃO CONCORDAR COM VC,
      AMIGA? BJÃO TB.

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